Para além dos sustos e dos filmes de terror: o que o medo faz com seu cérebro e seu corpo

25, outubro 2024.

Seu cérebro nem sempre consegue distinguir entre um susto e uma ameaça real. Seja Halloween ou não, o que é emocionante para algumas pessoas pode ser prejudicial para outras.
Filmes de terror, casas mal-assombradas e assustar os amigos na época do Halloween são atividades normalmente inofensivas. Mas o medo que elas induzem pode acionar o sistema de luta ou fuga do corpo, liberando substâncias químicas no organismo e causando várias respostas fisiológicas.

“A resposta do nosso corpo ao medo é, na verdade, uma ferramenta fantástica para a sobrevivência em situações perigosas, pois entra em ação rapidamente, nos enche de energia, aumenta nosso foco, fortalece os músculos e nos prepara para lidar com o que quer que esteja vindo em nossa direção”, diz Kenneth Carter, psicólogo clínico do Oxford College da Emory University e autor de “Buzz! Inside the Minds of Thrill-Seekers, Daredevils, and Adrenaline Junkies” (“Por dentro das mentes dos caçadores de emoções, aventureiros e viciados em adrenalina”, em tradução livre).

O medo é um mecanismo de sobrevivência embutido, “que está conosco desde que nossos ancestrais tiveram que fugir de predadores”, acrescenta Janice Kiecolt-Glaser, diretora do Institute for Behavioral Medicine Research da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos.

Mas mesmo que tenha ajudado nossos antecessores a escapar de tigres dentes de sabre e nos mantenha fora de perigo hoje em dia, a ativação da resposta de medo do corpo nem sempre é uma coisa boa. “Se for acionada com muita frequência com estresse constante ou sustos frequentes”, adverte Carter, ‘ela pode desgastar nosso corpo’.

Veja, a seguir, o que o medo faz com nosso corpo, como nossa mente diferencia as ameaças reais das percebidas – e por que alguns “caçadores de emoções” podem querer ser mais cautelosos.

Qual é o impacto do medo no cérebro e no corpo?
A resposta de medo do corpo, ou resposta de luta ou fuga, sempre começa na amígdala – uma parte do sistema límbico do cérebro que é essencial para reconhecer ameaças e processar emoções. Depois de perceber uma ameaça, a amígdala envia um sinal de socorro a um centro de comando no cérebro conhecido como hipotálamo, que diz aos sistemas nervoso e endócrino para liberar hormônios e neurotransmissores como cortisol, dopamina, noradrenalina e adrenalina.

“Os neurotransmissores são liberados pelos neurônios do sistema nervoso, enquanto os hormônios são liberados pelas glândulas suprarrenais – um par de glândulas endócrinas que ficam em cima dos rins”, explica Marc Dingman, cientista de saúde bio-comportamental da Universidade Estadual da Pensilvânia.

Pesquisas mostram que esses hormônios e neurotransmissores trabalham juntos para acelerar a respiração e fazer com que o coração bombeie sangue rico em oxigênio mais rapidamente para os músculos e órgãos vitais. Isso prepara os músculos e o cérebro para coordenar rapidamente uma resposta à ameaça.

Nesse estado, “nossos músculos se contraem, de modo que estamos prontos para a ação; as pupilas se dilatam, de modo que podemos ver melhor; nossa mente se aguça e assim podemos nos concentrar exclusivamente na ameaça; e a audição também melhora, para nos tornar mais sensíveis aos sons”, explica Kiecolt-Glaser.

A liberação de adrenalina também reduz a dor por meio da inibição das vias de sinalização, de modo que podemos correr mais ou lutar mais do que normalmente seríamos capazes de tolerar.

Embora os hormônios do estresse desempenhem o papel mais importante nessas mudanças, o medo também faz com que o corpo libere dopamina para aumentar ainda mais o estado de alerta. “Isso pode contribuir para as sensações de prazer, muitas vezes surpreendentes, que algumas pessoas experimentam em situações induzidas pelo medo”, diz Emily Hemendinger, pesquisadora de gerenciamento de estresse e diretora clínica do Programa Ambulatorial Intensivo do Campus Médico Anschutz da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.

Fonte: https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2024/10/feijao-preto-feijao-carioca-feijao-branco-qual-deles-tem-os-melhores-nutrientes-para-a-saude
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