Quem foi Tiradentes?
Joaquim José da Silva Xavier nasceu em 12 de novembro de 1746, em uma fazenda, onde hoje é a cidade de Tiradentes. Ficou órfão aos 11 anos, passou aos cuidados do tio, que era cirurgião dentista, o qual lhe ensinou a profissão. Mais tarde, passou a dedicar-se a essa função, em Vila Rica (hoje Ouro Preto), vindo daí o seu apelido.
Em 1780, alistou-se na tropa da Capitania de Minas Gerais, e um ano depois, tornou-se o comandante do destacamento dos Dragões na patrulha da Estrada Real, por onde escoava a produção mineradora para o porto do Rio de Janeiro. Como não conseguiu subir de patente, sendo apenas alferes, pediu licença da Cavalaria em 1787.
Nessa época, começou a se aproximar de grupos que se mostravam insatisfeitos com a atuação da Coroa Portuguesa no processo extrativista da mineração.
Os motivos do levante
Como o Brasil era colônia de Portugal, o rei permitia aos seus súditos explorar a terra em moravam. Em troca, deveriam pagar um quinto da quantia arrecadada na extração de ouro das minas e também não poderia deixar a Capitania sem fazer o pagamento do ouro conseguido.
Com o aumento do contrabando, em 1717, o Barão de Assumar criou a primeira Casa de Fundição, buscando reduzir a ilegalidade nas transições comerciais.
Agora, todo ouro seria transformado em barra e deveria receber o selo real. Essa prática funcionou muito bem no começo. Como as reservas de ouro das minas estavam diminuindo com a exploração ao longo dos vários anos, os mineiros não conseguiam cumprir a sua cota.
Insatisfeito, rei queria arrecadar cada vez mais, e estabeleceu que cada um de seus súditos deveria contribuir com 100 arrobas de ouro. Caso descumprissem com o tributo, aconteceria a derrama que, nada mais era, do que o rateio do valor devido à Coroa entre todos os moradores da capitania, sendo eles mineiros ou não.
Em 1788, seria feita uma nova derrama, o que levaria à falência de todos.
Participantes do movimento
O movimento denominado Inconfidência Mineira, tinha como integrantes comerciantes, intelectuais, clérigos e militares, ou seja, eram mais ricos. Inconfidentes refere-se aqueles que não são fieis ao rei.
Dentre eles estavam: o padre José da Silva e Oliveira Rolim, os poetas do Arcadismo Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, o sargento-mor Luís Vaz de Toledo Pisa e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, além dos contratadores João Rodrigues da Costa e Carlos Correia de Toledo e Melo.
As reuniões aconteciam nas casas de Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa. Durante os encontros, traçavam os planos sobre a revolta. Escolheram a bandeira, hoje do estado de Minas Gerais, e a frase em latim, Libertas Quae Sera Tamem (Liberdade antes que tardia), retirada de um poema de Virgílio.
Inspirados nos pensamentos iluministas, fundadores da Revolução Francesa e na Independência dos Estados Unidos, os participantes dessas reuniões tinham como objetivo eliminar a dominação portuguesa de Minas Gerais, tornando-o um país independente.
Nesse caso, é possível perceber que não havia intenção de libertar toda a colônia e nem buscavam o fim da escravidão, afinal, eram a mão-de-obra do período.
A traição
A insurreição deveria acontecer no dia em que o Visconde de Barbacena, governador da capitania na época, faria a Derrama. Porém, Joaquim Silvério dos Reis denunciou a revolta em troca do perdão de suas dívidas com a Coroa Portuguesa. Consequentemente, prenderam o grupo em 1789.
Enviados ao Rio de Janeiro, somente após três anos, os prisioneiros receberam suas sentenças. Durante o interrogatório, todos negaram participação no movimento, somente o alferes, Tiradentes, assumiu encabeçar todo o plano.
O decreto da Rainha D. Maria I, atenuou a sentença dos demais participantes. Apenas Tiradentes recebeu a pena de morte. Os outros, receberam como sentença o exílio nas colônias portuguesas na África, como Tomás Antônio Gonzaga.
Já Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão, na Casa dos Contos, em Ouro Preto, hoje, um Museu aberto à visitação. Porém, há muitas suspeitas quanto a sua morte. Enquanto estava preso, foi encontrado enforcado em sua cela, por isso, acredita-se em suicídio. Porém, o teto da sua cela era muito baixo para isso. Mistério…
Na tarde de 21 de abril de 1792, Joaquim José da Silva Xavier, foi enforcado no Rio de Janeiro e seu corpo esquartejado. Cada região do país recebeu um membro.
Sua cabeça foi para uma estaca na praça central de Vila Rica (Ouro Preto), porém, durante a noite desapareceu e nunca mais encontrada . Queimaram a sua casa, o terreno foi salgado e todos os seus bens confiscados. Atualmente, está a sua estátua, em frente ao Museu da Inconfidência.
Já o local em que ficou preso, atualmente, é a sede da Assembleia Estadual do Rio de Janeiro, cujo nome passou a ser Palácio Tiradentes.
Herói nacional
A figura do alferes permaneceu no esquecimento ao longo do período colonial e imperial. De certo modo, é fácil entender o porquê: não era interessante para Portugal exaltar alguém que provocou uma revolta contra o domínio da metrópole.
Apenas com a Proclamação da República, em 1889, houve o reconhecimento de Tiradentes como um mártir da Inconfidência Mineira e considerado como um herói nacional. A data de sua execução passou a ser uma festa cívica e celebrada nos quarteis.
Vale lembrar que o período do final do século XIX foi uma fase em que se buscava exaltar os símbolos nacionais como o hino nacional, a bandeira do Brasil e a criação dos heróis nacionais como os bandeirantes, Tiradentes e D. Pedro I, retratado na pintura de Pedro Américo (Independência ou Morte) numa cena fantasiosa da Independência.
O presidente Castelo Branco estabeleceu pela Lei Nº 4.897, em 9 de dezembro de 1965, o feriado oficial de Tiradentes.
Fonte: https://blog.escolartedeviver.com.br/quem-foi-tiradentes-e-qual-a-sua-importancia-historica/
